Não é a primeira vez que abordo filmes aqui no Blog do Moskit. Alguns dos nossos textos mais acessados são reflexões sobre filmes importantes para quem quer saber mais sobre negócios e vendas, ajudando a ilustrar através dessas obras um olhar didático sobre o assunto.

Joy - O Nome do Sucesso foi lançado em 2015 e conta com grandes nomes do cinema. A protagonista Joy é estrelada por Jennifer Lawrence, mas o filme ainda conta com Bradley Cooper e Robert DeNiro.

A obra é inspirada na vida da inventora Joy Mangano, mundialmente conhecida pela invenção do Miracle Mop, o esfregão especial que é abordado no filme, também é responsável por várias outras invenções patenteadas.

O filme se divide entre o drama da vida de uma mãe solteira segurando todas as dificuldades da família e a busca de Joy para tornar sua invenção um produto de sucesso. Durante sua trajetória no filme, existem pontos muito interessantes e que podemos destacar para reflexão.

Investidores, onde habitam

Uma das maiores dificuldades de começar qualque negócio que exija investimento inicial para a fabricação dos produtos, é conseguir recurso o suficiente.

Principalmente como no caso do filme, o produto precisava ser produzido para testar suas funcionalidades, antes mesmo da produção em escala para distribuição. Este primeiro momento normalmente acaba engessado pela falta de recursos.

O modelo moderno para conseguir investimentos vem sendo focado em grandes investidores e empresas de Venture Capital. Uma outra camada do universo dos negócios que financia potenciais grandes projetos.

A saída utilizada por Joy no filme talvez seja a mais realista para a maioria das pessoas. Ao invés de procurar pessoas distantes para investir em seus projetos, procurar conhecidos próximos, amigos ou familiares que tenham condições de investir e apresentar o projeto para eles.

É nítido também que investimentos assim não serão milionários, mas tendem a ser o suficiente para começar.

Nova call to action

Negócios familiares precisam de limites

Mesmo que o negócio da protagonista não seja diretamente familiar, pela forma como a operação foi sendo desenvolvida muitos familiares acabaram envolvidos. Este problema é mais comum do que parece e causa danos inimagináveis.

A falta de limites pode levar pessoas a tomarem decisões que desconhecem, prejudicar o funcionamento do negócio e acabar em sérios prejuízos. No filme, além das intromissões do pai, ex-marido e irmã, existe o enorme prejuízo e problema judicial causado pelo pagamento de cobranças abusivas e a aceitação de aumento no preço de fabricação.

Mesmo que em família os papéis possam se confundir, é preciso logo de início delimitar onde vai a autonomia e responsabilidade de cada um.

Experiência pessoal é o melhor argumento de venda

Nem todo negócio cabe o uso deste exemplo, mas esse é um dos pontos chaves do filme para quem assiste com a ótica da didática.

Após falar sobre seu produto para Neil Walker, o responsável pelo canal de vendas na televisão faz um longo discurso sobre o tamanho do seu negócio e o funcionamento da operação, na intenção de rebaixar Joy e subjugar sua capacidade.

Joy traz um excelente exemplo de pitch para quem está começando e realmente não entende de todos os detalhes do mundo dos negócios, mas tem um bom produto.

"Eu não sei nada sobre gráficos... ou negócios, para ser honesta. Mas eu limpo minha própria casa. E eu fiz este esfregão porque ele é melhor do que qualquer opção que existe no mercado"

O cliente, ou até um investidor, utiliza informações em gráficos e métricas para tentar estimar o quanto seu produto pode ser transformado em lucro, mas essa é apenas a forma mais técnica de abordar essa necessidade. A outra forma de convencer alguém de que um produto é bom e funciona perfeitamente, é demonstrar como você já testou todas as opções, viveu o problema que o produto resolve e desenvolveu com base em uma longa experiência de vida sofrendo com essa dificuldade.

No começo vender é muito difícil

Talvez o maior choque de qualquer novo empresário surge quando o produto está pronto e as vendas começam. Realizar as primeiras vendas, na maioria dos casos, é extremamente difícil.

E existem alguns motivos para essa dificuldade:

  • Ninguém conhece seu produto -  o novo assusta e traz medo de arrependimento
  • A qualidade ainda não foi atestada - não existe prova social de que o produto é bom
  • Uma empresa nova pode desaparecer rapidamente - é comum empresas falirem e deixarem produtos sem o suporte e atendimentos que foram prometidos.

Quando estamos falando de revenda essa curva é mais simples. Um produto revendido normalmente já traz a carga de qualidade e validação da marca original. No entanto, quando nos deparamos com produtos novos, invenções e inovações, essa curva exige um pouco mais de calma e paciência.

Algumas estratégias são eficientes na hora de quebrar essa curva:

  1. Clientes parceiros que utilizam o produto gratuitamente em troca do case
  2. Depoimentos de pessoas confiáveis e que utilizaram o produto para avaliação
  3. Um período de garantia para arrependimento e devolução.

Todo mundo vai querer um pedaço maior do bolo

A curva até todas as peças serem encaixadas é longa, mas eventualmente chega o momento onde o negócio engatou, conquistou clientes e está vendendo bem.

O sucesso, por menor que seja no início, vai fazer o nome do negócio rodar o mercado e ganhar certa visibilidade. No momento que fornecedores, parceiros e concorrentes entenderem que você está de fato presente no mercado, cada um vai querer garantir um pedaço de bolo maior.

Fornecedores tentarão aumentar o preço e cobrar mais, pela visão que agora com um negócio de sucesso, você também tem mais dinheiro disponível para produção, o que na maioria das vezes não é verdade. Empresas buscaram parcerias tentando pegar carona com seu nome sem apresentar uma contrapartida justa e, concorrentes começaram a batalha para tentar tomar o seu lugar no mercado.

O problema de se conquistar alguma posição de destaque é que a visibilidade deixa o negócio exposto aos que tem interesse em tirar proveito.

Mas o filme, é bom?

O filme é bom, mas deixa a desejar em alguns pontos.

Apesar da excelente atuação de Jennifer Lawrence, rendendo uma indicação ao Oscar e conquistando dois Globos de Ouro, o filme traz algumas deficiências que o espectador vai sentir falta.

A história da protagonista se desenvolve de forma acelerada e, mesmo para um filme de duas horas, a sensação é que tudo está acontecendo rápido demais e com pouca explicação. Os cortes temporais são bruscos e os eventos acontecem de forma sequenciais sem uma transição mais detalhada.

Existem vários personagens que são importantes para a trama, mas nenhum deles é desenvolvido profundamente. Eles surgem em momentos diferentes com importâncias que às vezes parecem injustificadas. O ex-marido, por exemplo, é apenas um calo no sapato mesmo ajudando em alguns pontos importantes, mas evolui para braço direito de Joy sem muito mais explicação.

A sensação ao final é que o filme é bom para passar o tempo, mas ao invés de contar uma história, apenas mostra eventos e junta tudo numa conclusão final, sem o cuidado de guiar o espectador na jornada.

Para quem gosta de vendas e negócios, o filme rende boas ideias e reflexões positivas.

Para ler também:

Essas são algumas das reflexões que o filme traz para o espectador, sendo muito valiosas para quem vive o cotidiano dos negócios e das vendas.

Outro ponto importante que não podemos deixar de fora, quando falamos de vendas, é a importância de um processo bem definido e organização das informações que foram trocadas entre vendedores e clientes.

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